quinta-feira, 24 de março de 2011

As elegantes paisagens parisienses de Edouard Cortés

Boulevard de la Madeleine

Edouard Leon Cortés nasceu em Lagny, França em 1882. Durante sua juventude, Paris era o centro mundial da arte, e artistas de todo o mundo viajavam para lá para estudar e pintar suas belas paisagens. Nessa época, Paris ficou conhecida como "Cidade das Luzes", e havia uma grande procura, por parte de colecionadores e
turistas, por pinturas retratando as ruas e paisagens da cidade.

Em meados de 1.900 Cortés começou a pintar as telas que o tornariam o mais famoso pintor de cenas urbanas de Paris. Um dos artistas mais prolíficos de seu tempo, Cortés, retratando suas ruas e monumentos, encontrou aí seu nicho de mercado e soube explorá-lo muito bem. Suas perspectivas de Paris estão entre as  imagens mais reveladoras e belas do gênero, as quais retratou em todos as estações do ano, por mais de 60 anos. 
Rue de la Paix - Jean Beraud
Un Place a Paris - Luigi Loir
Tela de Eugene Galien-Laloue

Edouard Cortés, juntamente com outros artistas como Eugene Galien-Laloue (1854-1941), Luigi Loir (1845-1916) e Jean Beraud (1849-1936), corresponderam ao chamado do mercado de arte. Especializando-se em cenas de rua de Paris, cada um desses artistas retrataram a cidade durante o seu apogeu, e continuaram a pintá-las por muitos anos durante o século 20. Suas belas representações de Paris estavam sempre na moda e Cortés continuou a pintá-las até sua morte.
 
Mercado de Flores - Madeleine - Cortés

Em meados da década de 1920, Edouard e sua família voltaram para a Lagny (Normandia) e ele começou a pintar cenas da vida no campo - incluindo paisagens, cenas de interiores e natureza morta. Ele era um membro ativo da Union des Beaux-Arts de Lagny, onde estreou numa exposição em 1927, continuando a se apresentar lá até o final de 1930. Durante este período, ele recebeu vários prêmios, ganhou grande notoriedade e foi um expositor freqüente em salões de arte em Paris.
Cena no campo - Cortés

Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, Cortés e sua família passaram o tempo em Cormelles-le-Royal (na Normandia), na tentativa de retirar-se da dura realidade da guerra. No início de 1950, mudou-se para Lagny, onde permaneceria pelo resto de sua vida, até falecer em 1969.

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Rue de Lyon, Bastilha

Suas telas parisienses, dotadas de uma elegância sem par, tem em comum a efervecência da cidade grande, onde carros, cavalos e pessoas de todo tipo circulam pelas ruas da cidade. Cortés retratou vários pontos marcantes da cidade, em épocas e estações do ano diferentes, sob sol pleno ou sob a chuva, em dia claro ou ao anoitecer,  sempre mostrando a vida da cidade, seus habitantes e os lugares que frequentavam. 

Place de La Concorde - Cortés
Rue de La Paix e Place Vendome
Pont Alexander III - Cortés
Quai du Louvre - Cortés
 Notáveis são as representações do Arco do Triunfo, o qual pintou inúmeras vezes, como que oferecendo ao apreciador da arte as várias nuances de luz e cores possíveis. 


Suas qualidades como pintor, além de sua sensibilidade, permitiram-lhe para pintar cenas de rua sob a sua mais charmosa, atraente e verdadeira luz. Transposta por seus pincéis, cada ponto de Paris se torna uma verdadeira jóia cintilante. A cena mais comum, através de sua palheta sensível, irresistivelmente fascina e nos comove.
Place de l'Opera
Place de l'Opera
Café Balthazard - Place de la Republique

Através de um estudo detalhado das suas telas, podemos compreender como o artista, com meios aparentemente simples, poderia obter tais efeitos emocionantes. Seu toque ousado nunca deixa para trás o menor detalhe, mesmo que supérfluo. 
O constraste entre as cores lilazes do entardecer e as luzes alaranjadas dos cafés e luminárias de rua são convidativas e acolhedoras, chamam a atenção de quem olha, e sempre dão a impressão de se estar na cena retratada, tamanho o realismo e a naturalidade que encerram. 

Place de tertre - Montmartre

O que melhor mostra o seu talento é a precisão do seu desenho e a espontaneidade da cena que ele pinta, o uso extraordinário da luz solar, da chuva, das luzes dos postes, do seu reflexo nas poças nas ruas. Era natural, portanto, que fosse reconhecido na França e em todo o mundo como um artista de primeira classe, com grande sensibilidade e de alta qualidade artística. Não é de se estranhar que as suas obras, mais valiosas a cada dia, fossem apreciadas por muitos colecionadores. E que também seu estilo passasse a ser copiado por inúmeros artistas de rua, até os dias de hoje. 


Fonte: http://www.rehsgalleries.com/biography.html?key=28&image_no=1949

segunda-feira, 21 de março de 2011

As graciosas mulheres de Mucha

Estudo


Alfons Maria Mucha foi um ilustrador e designer gráfico tcheco, e um dos principais expoentes do movimento Art Nouveau. Nasceu em 1860 em Ivancice, pequena cidade da Morávia, atual República Tcheca, e faleceu em Praga em 14 de julho de 1939, após a invasão dos alemães. Seu nome foi frequentemente utilizado como sinônimo desse novo movimento na arte, tendo sua fama se espalhado pelo mundo.
Retrato de Alfons Maria Mucha
Foi para Paris, em 1887, onde estudou pintura na tradicional Académie Julian. Depois de passar mais de sete anos em dificuldades financeiras, trabalhando por baixos salários e passando fome, conheceu Sarah Bernhardt, importante atriz francesa, com quem assinou um contrato de seis anos para desenhar cartazes, cenários e figurinos para suas peças. Mucha, com a idade de 34 anos, alcançou sucesso imediato, após sete anos de trabalho duro.

Cartaz para a peça Gismonda, de Sarah Bernhardt
Em 01 de janeiro de 1895, apresentou o seu novo estilo para os cidadãos de Paris. No cartaz para a peça Gismonda, de Sarah (acima), ele testou seus conceitos de arte que vinha desenvolvendo, em que acreditava: tudo pode e deve ser arte. O cartaz foi a consagração de sua arte e do estilo que lançava. Seu estilo era baseado em uma composição forte, curvas sensuais a partir da natureza, refinados elementos decorativos e cores naturais. Os preceitos Art Nouveau foram utilizados, também, mas nunca às custas da sua visão. 
       
Estudos a lápis para o seu livro Documents Decoratifs
Em 1900, Mucha desenhou o Pavilhão Bósnia-Herzegovina para a Feira Mundial de Paris. Paralelamente, fez uma parceria com o ourives Georges Fouquet na criação de jóias baseadas em seus desenhos. Também publicou o livro Documents Decoratifs, numa tentativa de transmitir suas teorias artísticas para a próxima geração, no qual ele forneceu um conjunto de esquemas do estilo Mucha, que seus imitadores não perderam tempo em utilizá-lo.


Patriota, Mucha considerava o seu sucesso como um triunfo para o povo checo, tanto quanto para si mesmo. A partir de 1909 pintou uma série de murais para o Salão do Lord Mayor, em Praga. Também começou a planejar "A Epopéia Eslava" - uma série de vinte grandes telas narrando a história do povo eslavo, que levou 18 anos para completar. 
 
Salão do Lord Mayor, em Praga

Nos últimos anos de sua vida, seu trabalho ainda era bonito e popular, mas não era mais "novo" - um crime hediondo aos olhos dos críticos. Quando os alemães invadiram a Checoslováquia, em 1938, ele ainda era influente o suficiente para ser uma das primeiras pessoas a serem presas. Retornou para casa após uma sessão de interrogatório da Gestapo, vindo a morrer pouco depois.

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As graciosas mulheres de Mucha


As graciosas figuras femininas que povoam suas obras evocam uma época de grandes transformações na arte, quando realistas, impressionistas e simbolistas romperam definitivamente com os modelos greco-romanos, defendidos pelos academicistas. Com suas curvas sensuais e cores evanescentes, suas musas adquiriram uma notoriedade tal que chegaram aos nossos dias sem nunca perder a graça, apesar de tantos movimentos de arte que sucederam o Art Nouveau.


Inúmeros são os exemplos de sua arte utilitária, como cartazes, embalagens, barras decorativas, além de jóias, móveis e cenários para peças de teatro. Seus temas permanecem imortais, e não se podem esquecer as maravilhosas telas que pintou retratando figuras da sociedade ou temas do cotidiano.


Notáveis são os conjuntos de painéis que ele criou para a Gráfica Champenois, quatro grandes imagens em torno de um tema central: as quatro estações do ano, as quatro horas do dia, quatro flores, entre outros. A maioria desses conjuntos foi criada para o mercado de colecionadores e impressos em seda.